23 Junho 2021 12:15

Por que os governos emitem títulos estrangeiros

Quando um governo precisa de dinheiro para financiar suas operações, pode levantar caixa emitindo dívidas em sua própria moeda. E se um governo tiver dificuldade em reembolsar os títulos nas datas de vencimento, ele pode simplesmente imprimir mais dinheiro. Embora essa solução tenha mérito, por outro lado, ela provavelmente diminuirá os valores da moeda local, o que pode acabar prejudicando os investidores. Afinal, se o detentor de um título ganha 5% de juros sobre um título, mas o valor da moeda cai 10% devido à inflação, esse investidor líquido perde dinheiro em termos reais. Por esse motivo, os países podem decidir emitir dívida em moeda estrangeira, acalmando, assim, os temores dos investidores de que a desvalorização da moeda corroa seus ganhos.

Principais vantagens

  • Quando os governos precisam de dinheiro para financiar suas operações, eles podem emitir dívidas em suas próprias moedas, mas se tiverem dificuldade para pagar os títulos, podem imprimir mais dinheiro. Isso pode causar inflação, o que acaba corroendo o potencial de ganhos dos investidores.
  • Como alternativa à emissão de dívida em sua própria moeda, um governo pode emitir dívida em moeda estrangeira para acalmar os temores dos investidores de que a desvalorização da moeda corroa seus ganhos. 
  • A emissão de dívida em moeda estrangeira expõe uma nação ao risco da taxa de câmbio porque, se a moeda local cair em valor, o pagamento da dívida internacional se torna mais caro.
  • Para avaliar o risco de inadimplência de um país estrangeiro, os investidores e analistas podem avaliar as relações dívida / PIB de um país, as perspectivas de crescimento econômico, os riscos políticos e outros fatores. 

Espada de dois gumes Embora emitir dívida externa possa proteger contra a inflação, tomar empréstimos em moeda estrangeira expõe os governos aos riscos da taxa de câmbio, porque se as moedas locais caírem em valor, o pagamento da dívida internacional se torna consideravelmente mais caro. Esse desafio, que alguns economistas chamam de “pecado original”, atingiu o auge no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, quando várias economias em desenvolvimento experimentaram um enfraquecimento de suas moedas locais e, conseqüentemente, lutaram para pagar o serviço de sua dívida denominada em moeda estrangeira. Durante essa época, a maioria dos países emergentes atrelou sua moeda ao dólar americano. Desde então, muitos fizeram a transição para uma taxa de câmbio flutuante para ajudar a mitigar o risco. Risco de inadimplência Os títulos do governo emitidos em moeda estrangeira tendem a atrair altos níveis de escrutínio dos investidores que buscam avaliar o potencial de um país entrar em default em seus títulos, caso um país não seja capaz de pagar os investidores. Afinal, não existem tribunais internacionais de falências onde os credores possam recuperar ativos, deixando-lhes poucos recursos se um país entrar em default.

É claro que existem razões imperiosas para um país cumprir suas obrigações. A principal delas: a falta de pagamento aos detentores de títulos pode arruinar sua classificação de crédito, tornando difícil tomar empréstimos no futuro. E se os próprios cidadãos de uma nação detêm grande parte da dívida nacional, o calote pode tornar os líderes do governo vulneráveis ​​na época das eleições.

Avaliando o risco de padrão Telegrafar os padrões em potencial é difícil, mas não impossível. Os investidores freqüentemente dependem de índices de dívida em relação ao PIB, que examinam o nível de endividamento de um país em relação ao tamanho de sua economia. Mas essa métrica nem sempre prevê corretamente os padrões. Por exemplo, o México e o Brasil entraram em default na década de 1980, quando sua dívida representava 50% do PIB, enquanto o Japão manteve seus compromissos financeiros, apesar de carregar um nível de dívida de cerca de 200% nos últimos anos. Consequentemente, é prudente seguir sugestões de agências de classificação de crédito como Moody’s e Standard & Poor’s, que avaliam uma infinidade de fatores ao classificar a dívida de governos soberanos em todo o mundo. Caso em questão: além de olhar para o peso da dívida total do país, essas agências avaliam adicionalmente as perspectivas de crescimento econômico, os riscos políticos e outras métricas. Alguns economistas também aconselham examinar a relação dívida / exportação de um país, porque as vendas de exportação fornecem uma proteção natural contra o risco da taxa de câmbio. A dívida soberana da Bottom Line representa cerca de 40% de todos os títulos em todo o mundo, tornando-se uma parte importante de muitas carteiras.

Mas é de vital importância entender os riscos potenciais antes de decidir investir.



Depois que a Argentina ficou famosa por não pagar sua dívida governamental no início de 2001, demorou vários anos para que o país recuperasse seu equilíbrio financeiro. Venezuela, Equador e Jamaica também deixaram de pagar suas dívidas recentemente, embora por períodos mais curtos.