23 Junho 2021 2:41

Contabilidade Mental

O que é contabilidade mental?

A contabilidade mental refere-se aos diferentes valores que uma pessoa atribui à mesma quantidade de dinheiro, com base em critérios subjetivos, muitas vezes com resultados prejudiciais. A contabilidade mental é um conceito no campo da economia comportamental. Desenvolvido pelo economista Richard H. Thaler, ele afirma que os indivíduos classificam os fundos de maneira diferente e, portanto, são propensos a tomar decisões irracionais em seus gastos e comportamento de investimento.

Principais vantagens

  • A contabilidade mental, um conceito de economia comportamental introduzido em 1999 pelo economista vencedor do Prêmio Nobel Richard Thaler, refere-se aos diferentes valores que as pessoas atribuem ao dinheiro, com base em critérios subjetivos, que muitas vezes têm resultados prejudiciais.
  • A contabilidade mental muitas vezes leva as pessoas a tomar decisões irracionais de investimento e a se comportar de maneiras financeiramente contraproducentes ou prejudiciais, como financiar uma conta de poupança com juros baixos enquanto carregam grandes saldos de cartão de crédito.
  • Para evitar o viés da contabilidade mental, os indivíduos devem tratar o dinheiro como perfeitamente fungível quando alocados entre contas diferentes, seja uma conta de orçamento (despesas diárias), uma conta de gastos discricionários ou uma conta de riqueza (poupança e investimentos).

Compreendendo a contabilidade mental

Richard Thaler, atualmente professor de economia na Booth School of Business da Universidade de Chicago, apresentou a contabilidade mental em seu artigo de 1999 “Mental Accounting Matters”, publicado no Journal of Behavioral Decision Making. Ele começa com esta definição: “A contabilidade mental é o conjunto de operações cognitivas usadas por indivíduos e famílias para organizar, avaliar e manter o controle de atividades financeiras.” O artigo é rico em exemplos de como a contabilidade mental leva a gastos irracionais e comportamento de investimento.

Subjacente à teoria está o conceito de fungibilidade do dinheiro. Dizer que o dinheiro é fungível significa que, independentemente de sua origem ou uso pretendido, todo dinheiro é o mesmo. Para evitar o viés da contabilidade mental, os indivíduos devem tratar o dinheiro como perfeitamente fungível quando alocados entre contas diferentes, seja uma conta de orçamento (despesas diárias), uma conta de gastos discricionários ou uma conta de riqueza (poupança e investimentos).

Eles também devem ter o mesmo valor de um dólar, seja ele ganho através do trabalho ou dado a eles. No entanto, Thaler observou que as pessoas frequentemente violam o princípio da fungibilidade, especialmente em uma situação de sorte inesperada. Faça uma restituição de imposto. Receber um cheque do IRS é geralmente considerado como “dinheiro encontrado”, algo extra que o destinatário geralmente se sente à vontade para gastar em um item discricionário. Mas, na verdade, o dinheiro pertencia por direito ao indivíduo em primeiro lugar, como a palavra “reembolso” implica, e é principalmente uma restauração de dinheiro (neste caso, um pagamento em excesso de imposto), não um presente. Portanto, não deve ser tratado como um presente, mas sim visto da mesma forma que o indivíduo veria sua renda regular.



Richard Thaler ganhou o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 2017 por seu trabalho na identificação do comportamento irracional dos indivíduos nas decisões econômicas.

Exemplo de contabilidade mental

Os indivíduos não percebem que a linha de pensamento da contabilidade mental parece fazer sentido, mas é, na verdade, altamente ilógica. Por exemplo, algumas pessoas mantêm um “jarro de dinheiro” especial ou fundo semelhante reservado para férias ou uma nova casa, ao mesmo tempo que carregam consigo uma dívida substancial de cartão de crédito. É provável que tratem o dinheiro desse fundo especial de forma diferente do dinheiro que está sendo usado para pagar dívidas, apesar do fato de que desviar fundos do processo de reembolso de dívidas aumenta o pagamento de juros, reduzindo assim seu patrimônio líquido total.

Dividido ainda mais, é ilógico (e, de fato, prejudicial) manter um pote de poupança que rende pouco ou nenhum juro e, ao mesmo tempo, mantém a dívida de cartão de crédito que acumula dois dígitos anualmente. Em muitos casos, os juros dessa dívida irão corroer todos os juros que você poderia ganhar em uma conta poupança. Os indivíduos nesse cenário fariam melhor em usar os fundos que economizaram na conta especial para saldar a dívida cara antes que ela se acumule mais.

Colocado dessa forma, a solução para esse problema parece direta. No entanto, muitas pessoas não se comportam dessa maneira. O motivo tem a ver com o tipo de valor pessoal que os indivíduos atribuem a determinados ativos. Muitas pessoas acham, por exemplo, que o dinheiro economizado para uma nova casa ou fundo de faculdade de um filho é simplesmente “muito importante” para abrir mão, mesmo que fazer isso seja a mudança mais lógica e benéfica. Portanto, a prática de manter o dinheiro em uma conta com juros baixos ou sem juros e, ao mesmo tempo, manter a dívida pendente permanece comum.



O professor Thaler fez uma participação especial no filme The Big Short para explicar a “falácia da mão quente” aplicada às obrigações de dívida colateralizadas sintéticas (CDOs) durante a bolha imobiliária anterior à crise financeira de 2007-2008.

Contabilidade mental em investimentos

As pessoas também tendem a experimentar o viés da contabilidade mental ao investir. Por exemplo, muitos investidores dividem seus ativos entre carteiras seguras e especulativas com base na premissa de que podem evitar que os retornos negativos de investimentos especulativos afetem a carteira total. Nesse caso, a diferença no patrimônio líquido é zero, independentemente de o investidor possuir várias carteiras ou uma carteira maior. A única discrepância nessas duas situações é a quantidade de tempo e esforço que o investidor leva para separar as carteiras umas das outras.

A contabilidade mental muitas vezes leva os investidores a tomarem decisões irracionais. Tomando emprestado da teoria inovadora de Daniel Kahneman e Amos Tversky sobre aversão à perda, Thaler oferece este exemplo. Um investidor possui duas ações: uma com ganho de papel e outra com prejuízo de papel. O investidor precisa levantar dinheiro e vender uma das ações. A contabilidade mental tende a vender o vencedor, embora vender o perdedor seja geralmente a decisão racional, devido aos benefícios fiscais da perda, bem como ao fato de que as ações perdedoras são um investimento mais fraco. A dor de perceber uma perda é demais para o investidor suportar, então o investidor vende o vencedor para evitar essa dor. Esse é o efeito de aversão à perda que pode desviar os investidores em suas decisões.